domingo, 4 de fevereiro de 2018

Cristo  é  a  Solução


Por ocasião da vinda do Pastor Bullón a Portugal, para as campanhas de evangelização SOL - Semana de Oração e Louvor - o Pastor Ezequiel Quintino, responsável pelo Departamento de Comunicações da União Portuguesa dos Adventistas 7º Dia, fez-lhe uma entrevista para a «Voz da Esperança», que foi transmitida nas diferentes rádios que passam a referida emissão.
Trata-se de uma mensagem de esperança e salvação, que aponta para Jesus como a solução de todos os problemas individuais. Por isso achamos ser de interesse para a Igreja em geral.


Ezequiel Quintino: - Pastor Bullón, como surgiu a ideia da criação da Semana de Oração e Louvor?
Alejandro Bullón: -
O que motivou a criação deste programa foi a necessidade de chegar a muita gente ao mesmo tempo com o Evangelho. Eu não podia estar em todos os lugares ao mesmo tempo e cada campanha que se organizava era apenas para 500, 1000 pessoas. Mas, pensava, se eu pudesse alcançar 25-30.000 pessoas ao mesmo tempo, seria muito melhor. Foi isto que nos levou a alugar grandes ginásios desportivos, locais onde coubessem bastantes pessoas, e deu-se origem a este tipo de campanhas de evangelização.

- Então, é dirigido normalmente a pessoas cristãs ou não cristãs?
- É dirigido a todo o tipo de pessoas, não é especificamente para membros de igreja. As conferências são públicas e todas as pessoas são convidadas a assistir, mas desde a primeira noite falamos de Jesus como a única saída para os problemas do ser humano.

- Então, o Pastor apresenta Jesus como sendo a solução para os problemas da humanidade e para cada pessoa em particular?
- É certo, porque o que caracteriza realmente o programa não é a teoria. Apresentamos Cristo como uma solução prática, como uma Pessoa, e não apenas como um conceito, como uma filosofia de vida, mas como um Ser que pode estar ao nosso lado, com Quem podemos conversar, em Quem podemos confiar, a Quem podemos levar os nossos problemas e dificuldades. E o ser humano entende que Cristo não é apenas uma ideia, um nome. É uma Pessoa. Então ele pode sentir-se acompanhado no meio deste mundo de solidão.

- Precisamente. Na nossa sociedade existem tantas contradições e problemas, que a sociedade em geral e as pessoas em particular, isto é, cada indivíduo sente um certo isolamento mesmo estando no meio de grande multidão e será que mesmo assim Jesus é a resposta para essas pessoas que se sentem sós, abandonadas?
- Aí é que está o assunto. A nossa sociedade é meio contraditória, porque nunca na história deste mundo vivemos uma época de tanta comunicação. Hoje estamos vivendo a sofisticação da comunicação. Podemos comunicar-nos por televisão, pela rádio, pelo telefone, e daqui a pouco teremos o telefone com imagem. Mas também nunca como hoje o ser humano se sentiu tão sozinho. Às vezes, milhões de pessoas andam nas ruas daquelas cidades cosmopolitas, como Lisboa, São Paulo, Rio de Janeiro, Nova Iorque. E o ser humano sente-se perdido, sozinho. Então é bom entender que, mesmo que não o compreenda, mesmo que ele próprio não se aceite, há Alguém que o aceita tal como é, Alguém que o compreende, Alguém que não o deixa nunca, que está sempre ao seu lado. E nós apresentamos a Cristo dessa maneira, porque é assim que O encontramos no Evangelho. Jesus sempre encontrou pessoas solitárias. Encontrou uma mulher solitária procurando água, encontrou um homem solitário como Zaqueu subindo a uma árvore, encontrou gente sofrendo sozinha e levou esperança, e levou paz a esses corações. E Ele pode fazê-lo hoje também com o ser humano actual.

- Exacto. Além das pessoas solitárias, será que Jesus também responde hoje aos doentes, aos que sofrem de doenças incuráveis, de cancro, de sida, que é a grande praga do século XX? De que maneira pode Jesus ser a resposta para essas pessoas?
- Há uns três anos, estava no Chile e conheci um jovem condenado à morte pela sida. Ele tinha vivido uma vida completamente distorcida, tinha palmilhado por caminhos estranhos, praticara a homossexualidade, usara drogas e um dia descobriu que estava com sida. Então, voltou os olhos para Jesus. A pergunta é: Que pode fazer Jesus por um homem nesta situação, desesperado? Talvez o maior milagre que Jesus precisa de fazer hoje não seja curar o corpo, porque Jesus vai à raiz do problema, vai mais fundo.
Jesus levou a esperança ao coração desse rapaz e, quando ele morreu, morreu com um sorriso nos lábios, feliz, porque embora pesasse 30 Kg, completamente acabado pela doença, ele tinha paz e estava preparado para se encontrar com Jesus quando Ele voltar.
Acho que hoje o maior milagre que Jesus pode fazer é curar o nosso coração, curar a nossa ansiedade. Isto não quer dizer que Ele não possa curar um cancro ou um doente com Sida. Ele pode fazê-lo, mas isso tem de ser colocado nas mãos de Deus, para que a vontade d'Ele seja feita.

- Se bem compreendo, a grande dimensão dos milagres de Jesus hoje, será mais no sentido de corrigir as ideias e as mentalidades e propriamente a aceitação, até um certo sentido, do sofrimento, embora Jesus tenha todo o poder para curar.
- É certo, porque na Bíblia nós não encontramos a ideia de que os filhos nunca ficarão doentes, não terão dificuldades. Pelo contrário, na Bíblia encontramos bem clara a ideia de que os filhos de Deus, vivendo neste mundo de pecado, muitas vezes enfrentarão a dor, a tristeza, os sofrimentos, as dificuldades, mas os filhos de Deus nunca estarão sozinhos. Aí está o grande milagre. Os que não têm Cristo na sua vida sofrem, mas o sofrimento na sua vida é como a ferida purulenta que os desespera, enfraquece e mata. Os que têm Cristo também sofrem, ou podem sofrer, mas o sofrimento na sua vida é como a ferida limpa. Pode doer e sangrar, mas sarará e com o tempo só ficarão cicatrizes.

- Está aí a grande diferença entre encarar o sofrimento reagindo com violência e não o aceitando, e entre aquele que tem Cristo no coração, que sente a acção de Jesus e do Espírito Santo na sua vida. Este pode aceitar o sofrimento com uma certa alegria?
- Perfeitamente. E esta posição pode parecer um comodismo, uma resignação fria, mas não é.

- Ou até uma loucura.
- Infelizmente. Quando a gente tem saúde, quando está bem, isto que estou dizendo parece loucura, mas quando o ser humano está doente, desenganado pela ciência médica e não sabe para onde ir, então descobre quanta sabedoria e quanta profundidade existe nesta mensagem de que precisa não só o corpo, mas o coração, o desespero interior. Ter paz, talvez seja hoje o maior milagre que Deus pode fazer na vida do ser humano.

- Julgo que a grande dimensão que o Pastor focou é aquela que de facto interessa a cada ser humano. Além de Jesus ter o poder ainda hoje, como tinha há cerca de 2000 anos, para curar da doença física, para ensinar - e Ele atingia os corações, digamos, as dimensões mais profundas do ser humano através da espiritualidade - penso que Jesus é o grande Médico, aquilo que em linguagem cristã se diz «Grande médico d'alma». É Ele que cura do pecado, que salva do pecado. Era essa dimensão que gostaria que o Pastor pudesse desenvolver para nós. Como é que Jesus consegue fazer o milagre da purificação interior do ser humano?
- A Bíblia chama a isso conversão e a conversão é um milagre, e milagres não se podem compreender. Milagres têm de ser aceites. Eu não posso entender como é que um paralítico andou. Nenhum médico pode explicar essa cura. Milagres têm de se aceites. Do mesmo modo, a água que com o toque de Cristo se transformou em vinho é um facto que nenhum químico pode explicar, porque é um milagre e milagres não se podem compreender. O ser humano nasceu originariamente mau e egoísta, gosta das coisas erradas da vida. O ser humano natural não gosta de Deus, não gosta de fazer o bem, não gosta de amar o próximo. De repente, encontra-se com Cristo e Cristo coloca no coração deste ser humano a vontade de buscar a Deus, o desejo de servir, o desejo de amar. Como é que acontece isso? Não tem explicação teológica, não tem explicação humana. É um facto e um milagre. Tem de ser aceite, porque este é o maior milagre que já vi e que ao longo do meu ministério tenho constatado: homossexuais, prostitutas, bêbados, ateus, marginais, assassinos serem transformados pelo poder de Deus! Eu não o posso explicar, ninguém pode explicar, mas posso apresentá-los. São vitoriosos, com a vida completamente transformada.

- Podemos apenas verificar que a mudança se efectuou. É essa a grande prova e, como costuma dizer-se, contra provas não há argumentos.
- Essa é a diferença entre ciência e religião. Porque a ciência coloca tudo sob a lente do microscópio, leva tudo ao laboratório para ser analisado, mas no Cristianismo entra a fé e a fé é acreditar, muitas vezes sem compreender os detalhes, mas confiando em que temos um Deus todo-poderoso, capaz de o fazer. Maravilhoso. Ele nunca falhou. Não vai ser agora que vai falhar.

- O Pastor Bullón fez duas séries de conferências em Portugal, uma no Porto e outra em Lisboa. Quais são as suas impressões do público português?
- Cheguei com um certo temor, pois tinham-me dito que o europeu, por natureza é muito racionalista e não é muito dado a coisas espirituais. Mas volto para a América do Sul com um conceito completamente diferente, porque a resposta do povo português, tanto no Porto como em Lisboa, foi das melhores respostas que já encontrei em qualquer lugar em que já preguei. O ser humano de hoje precisa de Cristo. Pode ser português, japonês, chinês, americano. O ser humano está caindo a pedaços, interiormente, por falta de Cristo.

- Julga que essa é a sua maior necessidade?
- Sem dúvida nenhuma. Eu conheço famílias ricas que podem viajar, ter uma segunda, terceira ou quarta lua de mel, que podem comprar móveis, carros, jóias, podem ter tudo quanto quiserem, mas não são felizes, porque não têm Cristo. Essas mesmas pessoas, quando descobriram a Cristo na sua vida, encontraram a felicidade que o dinheiro não lhes deu, que a cultura não dá, que o poder não dá, que a fama não dá. Cristo é, sem dúvida nenhuma, a solução para os problemas humanos. Pena é que os seres humanos, para entenderem este assunto tão simples, tenham que ferir-se, tenham que magoar-se, tenham que chegar ao ponto de não terem mais para onde ir. Só então se lembram de Jesus!...

- Como uma última mensagem, agora já não face a face, mas através da rádio, em que talvez possamos atingir milhares de ouvintes, qual seria, em alguns segundos, a sua mensagem para essas pessoas?
- Que o Cristianismo não é apenas pertencer a uma Igreja. É mais do que isso. É viver uma maravilhosa experiência com Cristo, a Pessoa Central do Cristianismo.
Ao trabalhar, andar na rua, estudar, brincar, correr ou ao fazer qualquer outra atividade do dia-a-dia, o cristão tem que ter presente que Cristo está ao seu lado. O fruto dessa comunhão, desse companheirismo, será uma vida de obediência, uma vida de respeito aos princípios de Deus. E o mundo será sacudido quando os cristãos deixarem de limitar o seu cristianismo a ir uma vez por semana à igreja, e aprendam a viver o Cristianismo 24 horas por dia.

- Podemos pois dizer que com Cristo tudo, e sem Cristo - nada.
- Perfeitamente. Um abraço a todos os ouvintes!

Entrevista realizada pelo Pastor Ezequiel Quintino e extraída da Revista Adventista - Março 1994.