terça-feira, 23 de agosto de 2011

DIA INTERNACIOAL DE RECORDAÇÃO DO CONTRABANDO
DE ESCRAVOS E SUA ABOLIÇÃO


A história da escravatura é quase tão vasta como a história da humanidade.


Na actualidade, as formas mais primárias de escravatura relacionam-se com os prisioneiros de guerra e as pessoas com dívidas. Nas civilizações antigas, a escravatura tornou-se essencial para a economia e para a sociedade de todas as civilizações. A Mesopotâmia, a Índia, a China, os Antigos Egípcios e Hebreus, a Civilização Grega e o Império Romano utilizaram escravos. O mesmo se verificou nas civilizações pré-columbianas, Asteca, Inca e Maia. No Brasil, a escravidão começou com os índios, muito antes da chegada dos portugueses.

Na história moderna, ao falar-se em escravatura, é difíci não pensar nos ingleses, holandeses, franceses, espanhóis e portugueses. Desde a primeira metade do século XVI que os porões dos navios eram superlotados com negros africanos, em condições desumanas, para serem postos à venda nas Américas. Desenvolveu-se então um cruel e lucrativo comércio de homens, mulheres e crianças entre a África e as Américas.

A escravatura passou a ser justificada por razões morais e religiosas, baseada na crença da suposta superioridade racial e cultural dos europeus. Os escravos, presos a correntes para não fugirem, trabalhavam de sol-a-sol e tinham uma alimentação de péssima qualidade, apenas uma a duas vezes por dia. Dormiam em sanzalas, que eram galpões ou telheiros escuros, húmidos e sem higiene. Eram castigados com frequência, sendo o açoite a punição mais comum. Proibidos de praticar as suas religiões de origem africana e de realizar as suas festas e rituais africanos, foram assimilados culturalmente, sendo-lhes imposta a língua portuguesa ou espanhola e a religião católica. As mulheres eram usadas em trabalhos domésticos e muitas tinham que fazer sexo com os seus senhores, o que deu origem a uma grande população mulata, em especial no Brasil.

Na base de toda a actividade dos escravos, estava a produção de café, açúcar, algodão, tabaco e transporte de cargas. Desenvolveu-se também em paralelo o comércio de outros produtos: marfim, tecido, peles e armas de fogo. Muitos escravos tinham outras funções em meio urbano: carpinteiro, pintor, pedreiro, sapateiro, ferreiro, marceneiro, embora várias dessas profissões fossem exercidas principalmente por cristãos-novos.

A história da escravatura nos Estados Unidos da América teve o seu início no século XVII e usou as práticas semelhantes às utilizadas pelos espanhóis e portugueses na América Latina. Terminou em 1863, com a Proclamação de Emancipação de Abraão Lincoln, realizada durante a Guerra Civil Americana. Com o surgimento do ideal liberal e da ciência económica na Europa, a escravatura passou a ser considerada pouco produtiva e moralmente incorrecta. Depois de milénios de escravatura, parece que as consciências começaram a despertar. Porém, ainda muito longe do ideal. O que se mantém válida e actual é a afirmação de Abraão Lincoln: "Nada pode ser considerado politicamente correcto quando é moralmente indefensável".

Ezequiel Quintino in Pensar Faz Bem - Rádio Clube de Sintra


O CONTRABANDO DE ESCRAVOS E SUA ABOLIÇÃO


No Século do Ouro, o séc. XVIII, alguns escravos conseguiram comprar a liberdade ao adquirirem a carta de alforria.
Em Portugal, a escravatura foi abolida (no Reino e na Índia, excepto no Brasil) no reinado de D. José I, pelo Marquês de Pombal, a 1 de Fevereiro de 1761.

A questão da abolição da escravatura no Brasil, aconteceu depois de 7 de Setembro de 1822, dia do 'Grito do Ipiranga' para a independência. Mas foi só a partir da Guerra do Paraguai que o movimento abolicionista ganhou impulso. Em 13 de Maio de 1888, o governo imperial rendeu-se às pressões e a princesa Isabel de Bragança (filha do imperador D. Pedro II) assinou a Lei Áurea que extinguiu a escravatura no Brasil.

O fim da escravatura, porém, não melhorou a condição social e económica dos ex-escravos. Sem formação escolar ou uma profissão definida, para a maioria deles, a simples emancipação jurídica não mudou a condição subalterna em que se encontravam, nem ajudou a promover a cidadania ou ascensão social dessas pessoas.

O último país do mundo a abolir a escravatura foi a Mauritânia, em 9 de Novembro de 1981. Porém, a escravidão continua em muitos países, porque as leis não são aplicadas.

Segundo alguns estudos, há mais escravos na actualidade do que o total de escravos que, durante quatro séculos, fizeram parte do tráfico transatlântico. Calcula-se que existam hoje, pelo menos, 27 milhões de escravos no mundo, principalmente em países árabes e muçulmanos. É, no mínimo, escandaloso!

Apesar de se comemorar cada ano o Dia Internacional de Recordação do Contrabando de Escravos e sua Abolição, a escravatura continua a ser uma vergonha na história da Humanidade. Mas, a questão de base não se pode ignorar nem iludir. Desde que o ser humano optou por se deixar enganar, julgando conquistar novas sensações e experiências ao assumir a emancipação de Deus, tornou-se escravo de quem o iludiu, e de si mesmo. Daí que a prática da escravatura entre humanos não é surpresa.

Mas a boa notícia, hoje, é que Alguém - Jesus - pagou a nossa 'carta de alforria' (Romanos 6:20-23): "Quando eram escravos do pecado, não estavam ao serviço da vontade de Deus (...) O resultado disso é a morte. Agora porém, livres do pecado, estão ao serviço de Deus. O fruto disso é a vida consagrada a Deus e no fim a vida eterna (...) em união com Cristo Jesus, nosso Salvador."


Por isso e apesar de paradoxal, só existe uma maneira de sermos livres e libertos de todo o género de escravidão:

Vivermos na dependência do amor, da sabedoria e da protecção de Jesus.

Ezequiel Quintino - Idem

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

AMAR E EDUCAR PARA O FUTURO



O  ATAQUE  DAS  HORMONAS  ASSASSINAS

Qual é o processo pelo qual uma menina ou um menino de 12 anos, feliz, amigável, de repente se transforma numa jovem ou num jovem de 15 anos mal-humorado e depressivo? Isto acontece em quase todas as famílias.

Há duas forças poderosas responsáveis pelo comportamento adolescente que leva os pais à loucura.
A 1ª está vinculada com as pressões dos colegas e amigos que são comuns nessa fase. Muito tem sido escrito sobre essas influências.
Mas há uma 2ª, que eu acho mais importante fonte de desequilíbrio desses anos. Está relacionada com as mudanças hormonais que não somente transformam o corpo físico, como podemos ver, mas também revolucionam a forma como os jovens pensam. Para alguns (mas não todos) os adolescentes, a química humana é um estado de desequilíbrio por alguns anos, causando agitação, violentas explosões de raiva, depressão e volubilidade. Esta sublevação pode motivar um menino ou menina a fazer coisas que não fazem nenhum sentido para os adultos que estão observando, ansiosamente, à margem. A tempestade de fogo hormonal actua de forma muito parecida com a tensão pré-menstrual ou a menopausa nas mulheres, desestabilizando a sua própria auto-estima e criando uma sensação de mau presságio.
Os pais geralmente se desesperam durante a irracionalidade desse período. Todas as coisas que eles tentaram ensinar aos seus filhos e filhas parecem falhar durante alguns anos. Autodisciplina, asseio, respeito para com a autoridade, cordialidade, podem dar lugar a actos de risco e irresponsabilidade generalizada.
Se é aí que o seu filho se encontra hoje, tenho boas notícias para si. Dias melhores virão! Esse filho excêntrico logo se irá tornar numa torre de força e de bom senso - se ele não fizer alguma coisa destrutiva antes que as suas hormonas se acomodem...


                                                                                                                                                                                                                VOCÊ  NÃO  CONFIA  EM  MIM

Se há uma jogada mágica que os adolescentes usam para manipular os seus familiares são estas 5 palavras: "VOCÊ NÃO CONFIA EM MIM?!"

No instante em que um jovem nos acusa de sermos desconfiados ou termos imaginado o pior, começamos a pedalar para trás. "Não, querido, não é que eu não tenha confiança em tu saires com os teus amigos ou conduzires o carro, eu apenas...", e então ficamos sem palavras. Estamos na defensiva, e a discussão acabou.
Bem, talvez seja o momento de reconhecermos que a confiança é divisível. Por outras palavras, confiamos nos nossos filhos no que diz respeito a algumas coisas, mas não em relação a outras. Não é uma proposição do tipo 'ou tudo ou nada'. Este é o modo como o mundo dos negócios funciona no dia-a-dia.
Muitos de nós somos autorizados, por exemplo, a gastar dinheiro da nossa empresa, de certas contas, mas não todos os talões de cheques da empresa. Não tenho, por exemplo, confiança em mim mesmo para tentar certas coisas, como saltar de pára-quedas ou saltar de uma plataforma com uma corda elástica presa ao meu tornozelo. Portanto, vamos parar de ser enganados pelos nossos filhos e afirmemos corajosamente que a confiança vem por etapas. Alguma confiança agora e uma confiança maior mais tarde.
Os pais têm a tarefa de arriscar somente o que podemos razoavelmente esperar controlar com segurança. Ir além disso não é realmente confiança: é imprudência.


ESCOLHA  AS  SUAS  BATALHAS  COM  CUIDADO

Um dos aspectos mais delicados na formação de uma dolescente é imaginar o que vale uma luta e o que não vale.

Lembro-me de uma conversa com uma empregada de mesa, mãe solteira, num restaurante, há poucos anos. Quando ela soube que eu era psicólogo começou a falar sobre a sua filha de 12 anos.
- Temo-nos zangado com unhas e dentes todo este ano - disse ela. - Tem sido horrível! São todas as noites, e geralmente sobre o mesmo assunto.
- A respeito do que vocês discutem? - perguntei.
A mãe contou toda a história.
- Bem, ela ainda é uma menininha, mas quer rapar as suas pernas. Vejo que ela é muito jovem, mas ela fica com tanta raiva que nem conversa comigo. O que o senhor acha que devo fazer?
- Minha senhora - disse eu, - compre um depilador para a sua filha!
Aquela garota de 12 anos logo estará remando numa fase da vida em que vai balançar a sua canoa em águas mansas ou turbulentas. A sua mãe, uma mãe sozinha, deveria estar procurando desesperadamente evitar que a sua adolescente rebelde se entregue a drogas, álcool e sexo pré-conjugal. Verdadeiramente, haverá no seu rio jacarés vorazes, dentro de um ou dois anos. Neste cenário actual, parece imprudência fazer tanto 'barulho' a respeito do que não é essencial.
Tenho encontrado pais envolvidos em enormes batalhas por causa de coisas que eram, na realidade, questões inconsequentes. É um grande equívoco. Incito você a não estragar o seu relacionamento com os seus filhos por um comportamento que não tem grande importância moral ou social. Há inúmeras questões de real interesse que hão-de requerer que você permaneça como uma rocha. Guarde as suas grandes armas para aquelas confrontações decisivas e finja não estar percebendo aquilo que é trivial.

                                                                                                                                                                                                                         UM  GATO  ESQUELÉTICO

Lembro-me de estar sentado dentro do meu carro num snack bar de serviço rápido comendo um hambúrguer com batatas fritas, quando de repente olhei pelo retrovisor. Pude observar, próximo da extremidade traseira do meu carro, o gato mais esquelético e sujo que já alguma vez vi.

Fiquei com tanta pena, de tão esfomeado que parecia, que parti um pedaço do meu hambúrguer e atirei para ele. Mas, antes que ele pudesse alcançá-lo, um gatão cinzento saltou detrás dos arbustos, abocanhou o hambúrguer e mastigou-o bem depressa. Fiquei com muita pena do pobre gatinho, que saiu a correr em direcção às sombras, ainda esfomeado e assustado.
Lembrei-me, então, instantaneamente, dos meus anos como professor do Ensino Básico. Via todos os dias adolescentes que estavam tão necessitados, tão despojados, tão perdidos como aquele pobre gato. Não era de comida que eles precisavem; eles tinham fome de amor, de atenção, de respeito, e viviam desesperadamente sequiosos disso. E quando tentavam manifestar-se e revelar o sofrimento que os corroía, um dos rapazes mais populares desprezava-os e ridicularizava-os, escorraçando-os do seu meio e afugentando-os em direcção às sombras, assustados e solitários.
Nós, adultos, não devemos jamais esquecer o sofrimento de tentar crescer e o mundo competitivo em que muitos adolescentes vivem hoje. Dedicar-lhes um momento para ouvi-los, importar-se com eles e orientá-los, pode ser o melhor investimento de toda uma vida.

James Dobson - Psicólogo e Conselheiro Familiar in LAR, doce LAR