sexta-feira, 30 de julho de 2010

SABER VIVER FACE AO STRESSE



... (Iremos hoje) reflectir sobre algumas opções que estão directamente relacionadas com a saúde e o bem-estar.

... É importante que reflictamos sobre uma realidade que nos afecta a todos, sem excepção, e que é a causa mais generalizada de problemas de saúde físicos, mentais e emocionais. Refiro-me ao STRESSE.

Por stresse entendem os especialistas a reacção específica do organismo em face dos estímulos e pressões a que é submetido. Tudo o que afecta o nosso equilíbrio, tudo o que, de algum modo, altera as circunstâncias ao nosso redor, é fonte de stresse. O stresse pode ser uma ajuda preciosa, um factor de actividade e energia que nos ajuda a ultrapassar situações difíceis, ou pode ser causa de desânimo, de desespero, de doença, ao ponto de provocar situações fatais. Perante o stresse, podemos ter uma de três posições:

Ou Somos Suas Vítimas,
Ou Vivemos Com Ele,

Ou Aprendemos A Lidar Com Ele.
(Esta Última é a Melhor Opção).

O PROBLEMA...

O chamado “Sindrome de Adaptação Geral” (stresse) passa por 4 fases diferenciadas:

1ª   Em presença de um estímulo, o nosso organismo responde com uma reacção de alarme, que leva o indivíduo ou a enfrentar o agressor e lutar, ou a fugir dele. É o que chamamos “instinto de sobrevivência”.

2ª   Segue-se a fase da resistência, na qual o nosso organismo se adapta à tensão que o atinge.

3ª   Nesta fase, a pessoa sente-se mais enérgica, mais capaz.

4ª   Finalmente, se a tensão não abranda e termina, segue-se o esgotamento. Um esforço permanente, contínuo, de adaptação ao stresse pode criar uma doença real e muito complexa.
Imaginemos, por exemplo, alguém que está a descer um rio, num Kayak, e que, de repente, se vê no meio de redemoinhos e rápidos violentos.

Instintivamente, a pessoa luta por manter o barquito a flutuar, usando todos os meios, que conhece. Mas o remo parte-se, o barco é atirado de um para o outro lado contra as margens, acaba por se voltar e, durante uns segundos assustadores, ela fica submersa e é arrastada. Subitamente, encontra-se em águas mais calmas e volta a controlar a situação. Aproxima-se da margem e, depois de atar o kayak a uma árvore, estende-se no chão e descomprime...
“Por hoje, já chega!” é, de certeza, o desabafo que sai da sua boca. Só de imaginar a cena, ficamos sem fôlego, não é? Mas, na verdade, não é isso o que acontece muitas vezes na nossa vida? Quantas vezes nos debatemos para não naufragarmos, quando nos atingem problemas inesperados e, aparentemente, insolúveis!

A Vida Diária Proporciona Inúmeras Situações De Stresse:

1ª   A competitividade no trabalho.
2ª   O fantasma do desemprego.
3ª   O contra-relógio para fazer tudo o que nos impõem.
4ª   A televisão com os seus filmes e notícias escabrosos e violentos.
5ª   Os problemas interpessoais na família.
6ª   As doenças.
etc.

Parece que tudo contribui para nos envolver numa nuvem de angústia, de pressão, de pessimismo, que faz soar no nosso organismo o alarme. Como numa panela que atinge o máximo de pressão, começam a surgir:

SINAIS DE AVISO

1º   Insónia, que nos mantém acordados durante horas e nos impede de descansar.
2º   Cansaço emocional e físico, que nos faz perder a esperança e as forças.
3º   Irritação contra tudo e todos, que nos leva a quebrar relacionamentos e a ferir os que amamos.
4º   Falta de comunicação com o nosso cônjuge, que nos afasta um do outro e acaba por destruir a intimidade e criar equívocos e mágoas.
5º   Baixa de rendimento intelectual e profissional, que põe em risco a estabilidade financeira e social.
6º   Aparecimento de doenças dos aparelhos digestivo (úlceras, etc.) e circulatório (enfartes, tromboses).
7º   Aparecimento de doenças do foro mental e psicológico (depressão, dependências). Instala-se o desinteresse, a desmotivação, a apatia – nada anima, nada interessa; não há objectivos, nem planos, nem sonhos, nem sentido para a vida.

Ao chegar a esta fase, a pessoa está a um passo de abdicar da sua vida. E é aí que não queremos que o nosso amigo Leitor chegue. Na verdade, o que queremos é ajudar a evitar, ou pelo menos a controlar, os efeitos negativos de um stresse permanente e excessivo.

A RESPOSTA

Perante a infinidade de situações e de problemas que nos atingem diariamente, é impossível termos uma solução positiva para cada um deles. A resposta está em aprendermos a enfrentar essas situações com o mínimo desgaste possível, e da forma mais positiva que pudermos.
Infelizmente, não existe um medicamento que substitua a nossa força de vontade, a nossa capacidade de decisão. E isso significa que

A Resposta Está Nas Nossas Mãos.

Perante a realidade que vivemos, há ALGUNS PASSOS a dar:

1º   É importante planear as actividades que devemos executar, de modo a evitar excessos e sobrecargas. Não podemos aceitar preencher de tal modo o nosso dia que acabemos por não ter tempo para relaxar, para aliviar a pressão.

2º   Devemos incluir nessa planificação uma actividade lúdica, seja ela desportiva (de preferência ao ar livre), ou simplesmente passar tempo com a família, com os filhos - a brincar, a rir, a passear.

3º   Devemos olhar-nos não tendo em conta a forma como nos sentimos, mas valorizando as nossas capacidades e avaliando com calma as situações.

4º   É bom que a pessoa que está sujeita a um stresse permanente, procure ajuda, não tanto nos medicamentos normais, mas em alguns tratamentos naturais – hidroterapia, helioterapia, fitoterapia, melhor alimentação. Isto não impede o recurso a profissionais de saúde credenciados. ...

5º   É necessário avaliar a importância da preocupação. A maioria, não tem razão de ser. Se for uma preocupação construtiva, analise vias de solução e adopte a mais conveniente. Se for destrutiva, esqueça-a e mantenha-se ocupado ou na companhia de outras pessoas. Se houver algo que não possa alterar, aceite e deixe de se lamentar. Utilize o passado como uma lição, não como uma obsessão.

Manuel Ferro
Revista SAÚDE & LAR, Janeiro 2010

sexta-feira, 23 de julho de 2010

A MALDADE SE MULTIPLICARÁ

















Um dos sinais característicos da proximidade da Vinda de Jesus é sem dúvida aquele que aponta para a multiplicação da maldade entre os homens. Jesus - Ele mesmo - indicou com clareza indiscutível o aumento intenso e progressivo da maldade na História da Humanidade.
Em Lucas 21:11 e em Mateus 24:12 encontramos bem explícito este grande marco profético para os tempos do fim:

A MALDADE SE MULTIPLICARÁ

Jesus não disse simplesmente que nos últimos tempos a maldade havia de aumentar ou que havia de se desenvolver ou crescer bastante. Não. O que Jesus disse foi que a maldade havia de se multiplicar. Ao recorrer a esta expressão Jesus quis mostrar que a corrupção iria atingir níveis progressivamente assustadores que culminariam numa espécie de "vale tudo" nas relações dos homens desde as mais simples e menos responsáveis até às mais dignas e envolvendo maiores responsabilidades. Vale tudo: a mentira, a intriga, a traição; o roubo, a morte, o crime.
É nesta direcção que caminha a Sociedade dos homens sem que ninguém no mundo saiba como parar esta operação que se chama multiplicação: - a multiplicação da maldade.

Durante muito tempo a Sociedade regulou-se por três grandes princípios: Deus, Pátria e Família. Esta, era por assim dizer, uma trilogia sagrada. Foram valores adquiridos e respeitados através dos séculos.
O respeito e o temor a Deus exercia nas pessoas uma acção altamente benéfica: corrigindo alguns dos seus defeitos, limitando as suas paixões, inspirando na procura da dignidade.
O sentimento do amor à Pátria criava laços de união entre as pessoas de um mesmo país e fazia-os sentir que, de certo modo, eram membros duma mesma família e como tal se deviam tratar.
Quanto aos laços de sangue, isso então era qualquer coisa francamente inviolável sob pena do repúdio e até do desprezo público. O exercício da autoridade do Pai assim como o respeito que lhe era devido, isso ninguém punha em causa. A Mãe era a boa amiga do lar, despenseira dos cuidados e atenções pelo marido e pelos filhos. A infidelidade conjugal quando surgia, aqui e além, era alvo duma grande admiração e de justos clamores.

Este era um edifício que parecia sólido e permanente. Que não garantindo a felicidade entre os homens (felicidade onde estás?) mantinha, contudo, a Sociedade num teor bem diferente.
Mas de repente todo este edifício começou a ruir. Toda esta obra se começa a desmoronar. A maldade passou a minar os alicerces da trilogia Deus, Pátria, Família. A maldade aumenta. Cresce assustadoramente. De facto, multiplica-se.

Que vemos na hora que passa?
- Contemplamos a ruína da Família.
- A queda da unidade social em termos de Pátrias.
- O isolamento da Religião.
Tal como Jesus profetizou, "coisas espantosas" estão acontecendo e a maldade multiplica-se cada ano que passa.

1 - O Sector da Religião

Se quiséssemos encontrar um denominador comum a todos os tipos de sociedade no mundo, sem dúvida que não poderíamos deixar de referir este: o desinteresse das pessoas pelas coisas espirituais - aquelas que são de ordem divina.
Nalguns lugares até é proibido ler a Bíblia. Interdição de construir Igrejas. Cursos de ateísmo oferecidos neste ou naquele Ministério da Educação; prémios para o melhor filme sobre esta base. Lugares da Terra onde se procura varrer da mente dos cidadãos a noção de Deus. Muitos países onde as pessoas têm contacto com a Igreja em três ocasiões: no dia do baptizado, no dia do casamento e no seu funeral. Isto envolve milhões e milhões de pessoas.
Com este estado de coisas será motivo de admiração que a maldade se multiplique cada vez mais? Penso que não nos devemos admirar. Aquilo que o homem semear ele virá a colher. Sabemos que quando o homem se desvia do temor a Deus fica muitas vezes entregue aos seus instintos animais e pode ser, tantas vezes, pior do que uma fera.

2 - O Sector da Sociedade Organizada - a que chamamos País

A maldade multiplica-se vertiginosamente.
Praticamente em todos os países encontramos regularmente notícias que nos entristecem e nos afligem tanto:

- Terrorismo à solta.
- Escalada da violência.
- Crescimento do crime na Europa.
- Pirataria aérea.

Estes e outros títulos dão bem a noção do mal que está corrompendo tantas Sociedades. Qualquer leitor poderá facilmente seleccionar um elevado número de ocorrências que muitos considerariam impossíveis ainda há poucos anos atrás.
A polícia não tem mãos a medir em face da violência. A pornografia escancara o seu rosto: as maiores baixezas são expostas nos lugares públicos. O número de drogados e de instituições educativas aonde a droga já chegou é cada vez maior.
Esta é uma crise terrível por que passam muitos países. Esta é a situação que sabíamos inevitável nas proximidades da Vinda de Jesus e irreversível até à Sua gloriosa Vinda.

3 - O Sector da Família

A maldade infiltrou-se decididamente no círculo familiar.
- O comportamento rebelde dos Filhos.
- Os maus exemplos dos Pais.
- O desinteresse do Marido e Esposa entre si e pelos Filhos.
Em vários quadrantes proclama-se que o casamento está obsoleto. Ensina-se a liberdade como meio educativo para os filhos (libertinagem). Fala-se da "new moraly" (nova moralidade) que não é mais do que uma capa para as misérias e ruína dos costumes na Família.

Quando ouvimos falar ou lemos certas declarações a propósito das relações familiares é impossível deixar de levantar estas perguntas:
- Qual é a noção de Família que estas pessoas têm?
- Que podemos esperar dos filhos criados nestes lares?
- Como será o futuro?
Disse Jesus a propósito dos tempos do fim e da Sua Vinda:
«A maldade se multiplicará».

E a maldade aí está.
A maldade: como se fora um denso lençol de nevoeiro abatendo-se sobre a Humanidade. Hoje mais do que ontem. Amanhã mais do que hoje.
E assim, sempre assim, até ao fim. Até à Vinda do Senhor.
Essa gloriosa e bendita Vinda que milhões de pessoas no mundo inteiro anseiam, pela qual oram e vivem, já em doce expectativa.

«ORA VEM SENHOR JESUS»! Apocalipse 22:20.

José Manuel de Matos
SINAIS DOS TEMPOS


sexta-feira, 16 de julho de 2010

MUDANÇA DE COMPORTAMENTOS


ACEITAR O SEU PERDÃO

«Convidou-O um dos fariseus para que fosse jantar com ele. Jesus, entrando na casa do fariseu, tomou lugar à mesa. E eis que uma mulher da cidade, pecadora, sabendo que Ele estava à mesa com o fariseu, levou um vaso de alabastro com unguento; e, estando por detrás, aos Seus pés, chorando, regava-os com as suas lágrimas, e os enxugava com os próprios cabelos; e beijava-Lhe os pés e os ungia com unguento.»
Lucas 7:36-38.


O que fez deste jantar um acontecimento memorável foi o extraordinário acto de uma mulher não convidada. A sua presença ali era completamente inaceitável, pois era conhecida por ser uma mulher de baixa reputação. Mas ela queria muito ir ali, para estar perto d'Aquele que, pouco tempo antes, a tinha livrado de uma vida de pecado. Simão, o fariseu, sentia-se particularmente atingido pela presença daquela mulher, porque ele era o homem que a tinha seduzido pela primeira vez e empurrado para uma vida de pecado.

Vejam bem o tamanho deste drama: a mulher pecadora... O homem que a tinha empurrado para aquela vida... E o Homem que a tinha já redimido.
O facto que o Evangelista pretende sublinhar nesta história é que a "mulher perdida" já não é uma mulher perdida! O acto espectacular daquela mulher era um acto de gratidão para com Aquele que trouxe à sua existência perdão e uma nova vida. Àquela mulher muito foi perdoado; por isso, ela muito amou.
O seu muito amor levou-a a cometer aquele acto extraordinário de gratidão para com Jesus. E Jesus disse-lhe: "Os teus pecados te são perdoados." E, ainda, "A tua fé te salvou."
Isto faz-nos lembrar que pecadores redimidos devem a Cristo tudo quanto têm... tudo quanto são... e tudo quanto esperam vir a ser.
Quanto a Simão, não tinha amor... Não pediu perdão... Nada recebeu!
Crer em Cristo, aceitar o Seu perdão - é este o Seu chamado! Cristo quer perdoar todos os nossos pecados: a inveja, o orgulho, o egoísmo, a maledicência, a mornidão e tantos outros. Ele convida-nos a uma vida vitoriosa na certeza do Seu perdão.
Acabámos de ver: Um homem que era auto-suficiente mas sem amor, sem salvação. Uma mulher arrependida, agora amada e salva. Um Salvador, a perfeita revelação de Deus ao homem.

Que lugar tem este Salvador na sua vida? É com ele que convive? É a Ele que clama? É d'Ele que fala? É n'Ele que pensa?

Armando Ferraz

NUNCA É TARDE

«Alegra-te, jovem, na tua juventude, e recreie-se o teu coração nos dias da tua mocidade; anda pelos caminhos que satisfazem ao teu coração e agradam aos teus olhos; sabe, porém, que de todas estas coisas Deus te pedirá contas»
Eclesiastes 11:9.


Num final de tarde, enquanto trabalhava numa cidade do interior, deparei-me com um rosto que me era familiar.
Imediatamente me dirigi a essa pessoa, perguntando-lhe se se lembrava de mim. Ele não se recordava, mas, quando lhe disse que era Adventista e que, há vinte anos estivera com ele num acampamento de jovens, a sua mente processou essa informação e efectivamente ele lembrou-se que tinha participado desse acampamento.
Perguntei-lhe, curioso, como estava a sua vida, a sua igreja, a sua família, ao que ele respondeu, peremptoriamente, que já não frequentava a Igreja, que a sua vida estava bem melhor, pois, segundo ele, a vida "lá fora" satisfaz muito mais.
Soube que este jovem frequentava discotecas, clubes nocturnos, consumia bebidas e até drogas que o catapultaram para uma vida "rica" em futilidades e desprovida do amor de Deus e da própria Família.
Senti-me culpado por, de alguma forma, não ter sido útil, de maneira a evitar o seu deslize para este tipo de vida cheia de aliciantes enganadores para os jovens.

Hoje, mais ainda, sinto a responsabilidade de colaborar com Deus para a manutenção da Sua Igreja e dos Seus jovens, que se sentem cada vez mais indefesos, face às propostas mundanas que os assediam cada vez mais.
Podemos ser alegres, recrearmo-nos, satisfazer o nosso coração e percorrer caminhos que agradem aos nossos olhos, de forma salutar, e ao mesmo tempo, aprazível a Deus. Não aconselho ninguém a experimentar as solicitações pecaminosas da vida, mas, se porventura isso já aconteceu, lembre-se que Deus está sempre pronto a perdoar todo e qualquer pecado que tenha sido cometido, ou até mesmo uma vida cheia de pecados que tenhamos acalentado, pois «Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça, se confessarmos os nossos pecados.» (I João 1:9.)
Nunca é tarde para endireitarmos a nossa vida. Nunca devemos pensar que esta ou aquela pessoa, pela vida que leva, deve ser ignorada. Há sempre tempo.
Alegrei-me quando recentemente voltei a encontrar-me com este jovem numa actividade desportiva da Igreja. Isto mostra que a esperança é a última a morrer.

«Não te lembres dos pecados da minha mocidade, nem das minhas transgressões; mas, segundo a Tua misericórdia, lembra-Te de mim, por Tua bondade, Senhor.» (Salmo 25:7).

José Trindade Cardoso


TRANSFORMADO PELA VERDADE

«E conhecereis e verdade, e a verdade vos libertará. ...Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.»
João 8:32, 36.


Decorria o "Ano Internacional da Família" quando nos reunimos na Câmara de Salvaterra de Magos para organizar um colóquio, com as autoridades locais. Depois de ouvir, estupefacto, o ancião a falar, o Presidente da Câmara disse: "Desde garoto que me lembro deste homem como o 'Zé da cabaça', bêbado de manhã à noite. Este senhor bem vestido e respeitado já não é o mesmo!" Do "Zé da cabaça" apenas resta hoje a alcunha, porque o José Mário é um homem transformado.
Desde criança que ele sentia a presença de Deus ao seu lado, mas a sua vida tinha-se perdido nos prazeres do mundo e nos vícios. A sua família sofria da consequente vergonha e violência. Ao acompanhar a sua filha à festinha do final de uma "Escola Cristã de Férias", aceitou o apelo para estudar a Bíblia. O Senhor libertou-o dos seus vícios com a ajuda da Igreja. Há 36 anos, o "Zé da Cabaça" foi sepultado nas águas baptismais, renascendo um novo homem, discípulo de Cristo, tendo desempenhado com frequência o cargo de ancião, diácono e director missionário.
Mas a sua vida passada deixou marcas. Com 66 anos teve que lhe ser implantada uma prótese da articulação da bacia e da cabeça do fémur. O médico apresentou-lhe o prognóstico de que ele nunca mais conseguiria andar sem a ajuda de uma bengala. O Zé Mário, baseado na sua fé, respondeu-lhe que compareceria na consulta seguinte apoiado apenas nas suas pernas, porque o Senhor ainda tinha muito trabalho para ele fazer. Deus concedeu-lhe essa bênção.
Nessa altura, via-se o Zé Mário, com a perna operada estendida, e pedalando como uma manivela com o outro pé amarrado ao pedal, para ir dar assistência aos seus estudantes da Bíblia. Depressa recomeçou a andar com normalidade. O Senhor fez com que esta prótese durasse 11 anos em vez dos 6 anos previstos.
Hoje (2009) aos 78 anos, debate-se com uma recuperação pós-operatória difícil e como marido fiel e atencioso ocupa-se da Elvira, a sua esposa, que foi atingida por uma doença incapacitante.
Numa das suas pregações, desembrulhou uma pá e contou: "Encontrei esta pá no lixo. Estava 'desembeiçada', coberta de alcatrão e cimento. O seu cabo estava carcomido pelas traças. Levei-a para casa, limpei-a, lixei-a, cortei as arestas, pintei-a e coloquei-lhe um outro cabo... e aqui está uma pá nova. Foi isto o que o Senhor fez na minha vida e continua ainda a fazer - a transformar-me."

Deus pode libertar-nos de qualquer amarra que nos prende ao vício e ao pecado. Oremos, neste dia, para que Deus continue a transformar o nosso carácter, fazendo de nós Seus discípulos, aptos para a eternidade.

António Amorim



sexta-feira, 9 de julho de 2010

A RESPOSTA DE DEUS



Durante a guerra, grandes aviões com a sua carga mortal sobrevoaram a Áustria. Milhares de casas foram destruídas, fábricas incendiadas, e a capital passou por grande aflição. Inúmeras famílias foram deixadas sem lar, como costuma acontecer quando há guerra.
O Jorge e a Maria voltaram um dia da escola para casa, apenas para descobrir que não somente a casa tinha sido destruída pelas bombas, como tanto o pai como a mãe tinham sido mortos. Os vizinhos levaram-nos, como a muitas outras crianças sem lar, para o grande orfanato da cidade.
Bem podemos imaginar a tristeza e a amargura daquelas pobres crianças. Contudo, elas não se esqueceram dos ensinamentos dos pais, e muitas vezes, ao encontrarem-se no vestíbulo do orfanato, cruzavam as mãozinhas e oravam ao Pai celeste. Não sabiam o que o futuro lhes reservaria.

Um dia foi anunciado que um país vizinho se oferecia para arranjar lares para muitas daquelas crianças. Todos estavam agitados e felizes no dia da partida. O Jorge e a Maria saíram correndo com os poucos pertences debaixo do braço e entraram no autocarro que os levaria até à estação, onde tomariam o longo combóio. Seria a sua primeira viagem de combóio.
Centenas de crianças seriam levadas da pátria para um país estranho, onde deveriam encontrar novos lares – novos pais e novas mães.
Quando soou o apito, o combóio começou a movimentar-se, ganhando velocidade. Em breve cortava os campos com rapidez, enquanto ansiosos olhinhos observavam cenários que nunca seriam esquecidos. O Jorge e a Maria, porém, não estavam tão ocupados que não pudessem de vez em quando cruzar as mãozinhas e curvar a cabecinha para uma oração:
- Querido Jesus, Tu sabes que perdemos o nosso papá e a nossa mamã. Dá-nos, por favor, um novo lar. Não permitas que sejamos separados, e envia-nos para o lar mais conveniente.

A certa altura o combóio diminuiu a velocidade e parou numa estação. Crianças e mais crianças saíram das superlotadas carruagens e fizeram filas na plataforma. Muita gente da cidade ali estava, a fim de escolher uma criança e adoptá-la.
Aqui e ali uma era escolhida por ansiosos casais que fitavam aqueles orfãozinhos de um país estranho. Aqueles rostinhos tristes voltavam-se para cima para verem os seus novos pais. Os que ficavam voltavam para o combóio e viajavam para a próxima cidade.
Durante o dia inteiro, repetiu-se a cena, enquanto o longo combóio, hora após hora, carregava aqueles pequenos seres humanos para novas aventuras. De quando em quando o Jorge e a Maria repetiam a oração, para que de alguma maneira Deus encontrasse para eles o lar apropriado.

Estava quase escuro quando o combóio parou outra vez numa grande estação. O Jorge e a Maria separaram-se ao descer do combóio para a fila, onde, conforme pensavam, seriam passados por alto, como tantas vezes já tinha acontecido antes.
Nessa manhã, naquela cidade, um casal cristão estava a fazer o culto matinal quando uma batida na porta anunciou a chegada do jornal matutino.
Depois de terminado o culto passaram os olhos pelo jornal para lerem as principais notícias:
“Um combóio de crianças austríacas chega esta noite”, foi o que lhes atraiu a atenção.
A bondosa senhora olhou para o marido e disse:
- Querido, esta é a nossa oportunidade de conseguirmos o menino que há tanto tempo tu desejas.
O marido respondeu com um sorriso:
- Não, querida, tu sempre desejaste uma menina, e eu não quero ser egoísta. Enquanto vou trabalhar, tu vais à estação e, quando o combóio chegar, escolhe uma linda menina de cabelos encaracolados, para nós.
Por algum tempo estiveram decidindo se devia ser menino ou menina. De uma coisa estavam convictos: só poderiam cuidar de uma criança.
Existia no coração de ambos uma simpatia especial pelos austríacos, pois ambos tinham parentes na Áustria.
Finalmente chegaram à conclusão de que adoptariam um menininho que tivesse cabelos ondulados, ombros largos, e se parecesse com o pai adoptivo.

Quando o combóio parou na sua cidade, aquela noite, e as centenas de crianças fizeram fila para procurar os novos pais, a Sra D. Bergman estava lá.
Andou avidamente de um lado para o outro, contemplando os rostinhos magros e tristes das pequenas vítimas da guerra. Podia ler histórias de desapontamento, desolação e fome em muitas faces.
Finalmente notou um rapazinho que parecia ter as feições procuradas, ombros largos, cabelos com ondas e ar tranquilo. Havia algo nele que lhe atraíu a atenção. Parecia-se com alguém que ela já vira antes. Aproximou-se dele com um sorriso:
- Tu queres vir para a nossa casa? Temos um baloiço no quintal e nenhuma criança para brincar nele! Eu gosto de homenzinhos como tu. Vens comigo?
Jorge continuou erecto e impassível. Finalmente respondeu com a sua vozinha fina:
- Sim, eu gostaria de ir com a senhora e brincar no baloiço, mas tenho uma irmãzinha e queremos ficar juntos.
A sua vozinha tremeu um pouco na última palavra, e lágrimas brilharam-lhe nos olhos.
- Oh, mas a tua irmãzinha será acolhida noutra parte! Nós só podemos ficar com um. Vem comigo! – rogou a D. Bergman.
- Mas nós pedimos a Jesus que nos mandasse para a mesma casa e temos a certeza que Ele terá um lugar onde poderemos ficar juntos, pois perdemos o nosso pai e a nossa mãe – disse o pequeno, num soluço.

O coração da senhora ficou tocado. Ali estava um menino que cria em Deus e cria que Ele havia de responder à sua oração.
Respondeu rapidamente:
- Onde está a tua irmãzinha? Vai buscá-la, para eu a ver.
O pequeno correu, procurando-a na fila, e voltou em seguida com ela pela mão. Ambos pararam, fitando a bondosa senhora com olhar suplicante.
- Aqui está ela – disse Jorge com um sorriso.
Lágrimas brotaram dos olhos da senhora, enquanto sentia um nó na garganta. Que injustiça estaria praticando ao separar aqueles irmãozinhos, únicos sobreviventes daquela família destruída pelo bombardeio!
Convenceu-se de que devia aceitar os dois. Olhando-os intensamente, disse:
- Bem, queridos, não sei o que o meu marido dirá, mas vou levar vocês os dois. Venham comigo e logo chegaremos a casa.
Com exclamações de alegria eles disseram adeus aos companheiros, e logo se perderam no meio da multidão, seguindo a sua nova mãe até ao carro, lá embaixo, na estação.

Pouco depois estavam sentados na sala de uma boa e ampla casa, esperando algo para comer. A D. Bergman estava na cozinha preparando alguma coisa para os pequenos famintos que agora pertenciam à sua família.
Com os olhos bem abertos Jorge e Maria observavam tudo o que havia na casa. Realmente estavam contentes de estar nesse novo lar, mas ainda um pouco receosos do futuro. De repente, Jorge apontou o dedo magro para o retrato de uma mulher que estava sobre o piano.
- Vê! – disse ele a Maria – parece...
Não pôde continuar. Um soluço embargou-lhe a voz e ambos começaram a chorar. Não puderam controlar as emoções.
Quando a D. Bergman ouviu os soluços, veio a correr para ver o que havia.
- O que é que vocês têm? Que aconteceu? Não estão satisfeitos aqui?
- Sim – disse a menina por entre as lágrimas.
- Estamos contentes.
- Então porque estão a chorar?
Logo que se acalmaram um pouco, olharam para a face maternal da D. Bergman e apontaram para o quadro sobre o piano.
A senhora fitando o retrato disse:
- Sim, é a minha irmã. Porque vocês choram ao ver essa fotografia?
A menininha soluçou:
- Essa é a minha mãe!
Então a D. Bergman concluiu que a sua irmã, que há anos tinha ido para a Áustria, e da qual não tinha notícias havia já quatro ou cinco anos, teria sido morta no bombardeio.

Depois de minucioso interrogatório, ficou certa de que estes eram realmente os filhos da sua irmã.
Oh, que alegria houve naquele lar, e que gratidão por Deus ter ouvido as orações daquelas crianças deixadas sem lar!
Compreenderam que há realmente um Deus que ouve e responde de modo maravilhoso às orações.




J. Hackett in O Expresso da Meia-Noite e Outras Histórias
(Compilação de Rubem M. Scheffel)